Uma cidade gourmet, romântica e inspiradora


Chocolate, botecos, cerveja artesanal e muito frio. Encravada nas encostas da Serra da Mantiqueira e distante cerca de 170 km da capital paulista, Campos do Jordão é uma cidade apaixonante. Conhecida como a “Suiça Brasileira” pelo seu clima, gastronomia, turismo e muitas, muitas belezas naturais, está a quase 1.700m de altura e é considerada a cidade mais alta do Brasil. A arquitetura enxaimel, os telhados que descem até o chão, as fondues e o frio – parece que a gente está permanentemente com o ar condicionado (natural) ligado – fazem desse pedacinho do paraíso o lugar ideal para se ir, principalmente a dois.

As múltiplas ‘capitais’ de Campos


Podemos nos referir a Campos do Jordão como 'Capital' – não apenas do Romance e da Gastronomia: a cidade tem sua própria sede do governo, o Palácio Boa Vista, residência oficial de inverno do governador de São Paulo. E quando chega julho, o Festival de Inverno, com sua riquíssima programação, dá a Campos do Jordão um outro título, mais ilustre: o de Capital Brasileira da Música Erudita. Apenas uma observação. Estivemos na cidade há alguns anos, e poderíamos incluir uma outra capital: a das Compras!

Hoje, não mais. Sentimos falta das lojinhas transadas e de bom gosto que fervilhavam no Capivarfi , onde comprávamos artigos em couro, de qualidade e a preços atraentes, entre outras coisas. Hoje – e eu credito isso à crise enfrentada nos últimos anos e que ainda reflete na economia do país e, claro, no bolso dos brasileiros - as lojas estão mais popularizadas e comercializam produtos de qualidade inferior, principalmente os de vestuário. Mas isso não interfere, em absoluto, no glamour da – TAMBÉM – Capital do Frio...

Conhecendo a cidade


Conhecer a cidade, além de um programa prazeroso, é simples, porque a área central é dividida em apenas três bairros: Abernéssia, mais voltado para o comércio e serviços, ali estão o Mercado Municipal, agências bancárias e as lojas maiores; seguindo em frente chega-se ao Jaguaribe, um bairro com serviços públicos, empresas e residências, mas sem grande interesse para o turista.

Por fim, o Capivari, a área mais turística da cidade, um alinhado de bares, atrações e restaurantes excelentes, descolados e caros. Na área rural, destaque para o Alto da Boa Vista e Gavião Gonzaga. As atrações culturais também são diversas, dentre elas estão o Museu Felícia Leirner ou a Casa da Xilogravura, o Jardim Botânico e o Parque Amantikir. Não deixe de andar no teleférico e passear de charrete e trenzinho elétrico pelas ruas cobertas de folhas de plátanos.

Um boulevard chamado Capivari


Passear pelo centrinho do Capivari é sempre um capítulo à parte. E imperdível, diga-se de passagem. O capricho no paisagismo inclui bela arborização e espaços floridos, com canteiros bem cuidados que estimulam os sentidos e promove uma agradável sensação de bem estar. Você está caminhando e de repente se depara um artista tocando sax – aliás, a música está por toda parte,de MPB ao mais puro Jazz. Casais passam tomando chopp, passeando com seus cachorros,

conversando, você não se preocupa com a segurança. A sensação é a de que estamos em qualquer outro lugar, menos no Brasil. À noite então, lampiões, luminárias e luz de velas reinam absolutas – seja no interior dos bares e restaurantes, seja nos espaços abertos ou ruelas românticas, valorizados pelos belíssimos aquecedores a gás e emoldurados por ciprestes e plátanos vindos de outras terras para sombrear as calçadas.

Berço da Baden Baden


A cerveja local...ah, a cerveja local! Campos do Jordão orgulha-se em ser berço da Baden Baden, e a visita à fábrica está entre as melhores experiências gourmets, fazendo parte do roteiro turístico de Campos de Jordão. Mas a fábrica é apenas o começo. O bar, que ocupa praticamente um quarteirão inteiro do Bouvelard Genève, coração da Vila Capivari, nos permite uma vivência sensorial inesquecível. Neste cenário, a Choperia nasceu em 1985, onde se encontra até hoje, e passar o dia nas mesinhas espalhadas na calçada tomando um chopp não tem preço.

É o bar mais procurado, e se quiser conseguir lugar principalmente na temporada é bom chegar cedo. A Baden Baden é modelo na produção de cervejas artesanais, seguindo à risca o movimento mundial ‘The Craft Beer Renaissance’, ou ‘Renascimento das Cervejas Artesanais’, que fomenta a produção artesanal, meticulosa, cujo sucesso da tecnologia de produção em larguíssima escala mudou a história – e o conceito - da cerveja no mundo inteiro e não somente no Brasil.

Terra da boa mesa


A gastronomia é uma das maiores atrações de Campos do Jordão em todas as estações. Durante o ano inteiro é possível experimentar a truta, o chocolate, o pinhão e as fondues, oferecidas em praticamente todos os estabelecimentos. Muitos restaurantes do Capivari oferecem fondues, e a seqüência (carne, queijo e chocolate) vem ganhando cada vez mais adeptos.

Entre os que servem a especialidade estão o  Só Queijo e  Matterhorn, e entre os mais requintados, o Restaurante Charpentier, do Hotel Frontenac, e o Ludwig Restaurant, além do Fondue Mezzanino e Davos. Especializado na gastronomia contemporânea com toques regionais, o Villa Gourmet oferece um menu variado em ambiente aconchegantee um deck com ampla vista para o centrinho do Capivari.

Para todos os gostos...


Outros restaurantes de comida variada são Da Suíça, Festival Della Pasta, a churrascaria  Libertango , que traz cortes porteños,   Fräulein Bierhaus , que combina cozinha alemã com uma extensa carta de cervejas artesanais e o japonês  Kouguem . Tem ainda o Itália Cantina e Ristorante, Spazio di Paolo, Panela de Ferro e para quem quer encerrar o dia mais leve, Tutti Buoni Caldos e Sopas

No rol dos simples e mais em conta estão Bigorna, Truta & Cia e o Kilo Certo, além do Armazém Brasil. Muito tradicional, o Pastelão do Maluf tem pastéis grandes de sabores variados. Não deixe de visitar o Chocolate Montanhês e a Struderia Café da Elaine. Um pouco mais distante, Na Vila Everest, está o Le Foyer, da pousada Château La Villete, e o Sans Souci, misto de bistrô e confeitaria.

Esquina do Djalma


Com localização privilegiada, no centro do Capivari, o Bar Esquina do Djalma exibe um novo conceito de boteco. Foi criado até mesmo um personagem para o bar que homenageava a rua. É o O Djalminha, um maître engomadinho e bem-humorado que recebe os convidados. Como de praxe nessa cidade tão gastronômica, alegre e botequeira, as inúmeras mesinhas se espalham na movimentada esquina, para que os clientes curtam o movimento do boulevard no Capivari.  O ambiente interno é aconchegante, e uma

escadaria leva a uma deliciosa varandinha superior. Nas paredes, ilustrações divertidas que tornam o espaço bem descontraído. Ao longo do dia e da noite, música ao vivo alterna MPB e jazz, fazendo do Djalma o mais queridinho point do Capivari. No cardápio, diversas opções de petiscos de boteco - , o “Dadinho de tapioca com geleia de tomate” e o “Biscoito de Torresmo”, servidos num cone, são imperdíveis! Mas também tem saladas, lanches, sopas e cremes inovadores, até sequência de fondues e pratos especiais.

Parque Amantikir: jardins que falam


Criado em Campos do Jordão em 2007, o Amantikir é um parque totalmente arborizado e florido, com lagos, labirintos e uma linda vista da Serra da Mantiqueira. É um lugar encantador – além de renovar o feed do Instagram, você vai respirar um ar puríssimo e contemplar a paisagem, que parece saída de um conto de fadas... O parque foi aberto em 2007 pelo engenheiro agrônomo e paisagista Walter Vasconcellos, que trouxe a inspiração das viagens que fez ao redor do mundo. Nascido em Campos do Jordão e apaixonado pela cidade, após viajar por dezenas de parques e jardins da Europa,

Estados Unidos e Canadá, voltava das férias sempre com a sensação de que sua cidade merecia um espaço tão encantador quanto aqueles que visitara Um capítulo à parte é o Lago das Pontes, cheio de aguapés cor-de-rosa e pequenas pontes que lembram uma pintura de Monet. O labirinto quadrado de ciprestes é outro ponto alto, e também a Casa da Árvore, já quase terminando o percurso. No final do parque, tem um restaurante e café bem aconchegante, com uma loja de presentes. Mais informações podem ser obtidas no site do parque.

"A LENDA DO AMANTIKIR Dizem que havia uma princesa encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi que se apaixonou pelo Sol, o guerreiro de cocar de fogo e carcás de ouro, que vivia lá no céu, caçando para Tupã. Ele acabou se apaixonando também, e de tal forma, que mal a Lua surgia sobre a serra, já sumia acolá. Logo, não havia noite. O sol não se punha mais e não havia sono, não havia sonho, e tão perto vinha o Sol beijar a amada que os pastos se incendiavam, a capoeira secava e ferviam os lamaçais… A Lua sentiu-se ameaçada por uma simples mulher. O Sol, que na Oca do Infinito já lhe dera tantas madrugadas de prazer, se apaixonara por uma mulher…E ela foi contar tudo para Tupã, que quis saber porque a Lua, cheia de ódio, crescente de ciúme, minguando de dor, se fez um novo ser de noite sem lua. Como uma simples mulher ousou amar o Sol? Como o Sol ousou deter o tempo para amar alguém? Que ele nunca mais a visse! Mas o Sol tudo vê!… Então, Tupã ergueu a maior montanha que existia lá e dentro dela encerrou a Princesa. O Sol, de dor, sangrou poentes e quis se afogar no mar. A Lua, com a dor de seu amado, chorou miríades de estrelas, e prantos de luz. Mas nenhum choro foi tão chorado como o da Princesa, que nunca mais pôde ver o dia, que nunca mais sentiria o Sol… Ela chorou rios de lágrimas: Rio Capivari, Rio Verde, Rio Passa-Quatro, Rio Quilombo, rios de águas límpidas, minas, fontes, grotas, enchentes, corredeiras, bicas, mananciais. Seu povo esqueceu seu nome, mas chamou aquela montanha de Amantikir, a “Serra que chora”… Mantiqueira, a montanha que a cobriu…Conta a lenda que foi assim… Trecho da peça “A Fantástica Lenda de Algures“ "
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Fátima Vianna

Jornalista e Chief Communication Officer