UM RIO ENTRE DOIS MUNDOS
Duas cidades quase escondidas, separadas, apenas, por uma ponte.
Embora separados por um rio, os dois municípios têm muito mais aspectos em comum do que imagina, e que as aproximam: a relação socioespacial que aparece no cotidiano, nas relações pessoais e nas jornadas de trabalho. Ceres e Rialma ficam no Centro goiano e nasceram juntas, cada uma de um lado de uma extensa ponte de concreto armado. Consideradas “cidades-irmãs”
ou, às vezes, até “cidades-gêmeas”, elas surgiram às margens do Rio das Almas.
Tudo começou com a Colônia Agrícola Nacional, em 1940. Uma notícia de distribuição de lotes
gratuitos se espalhou e atraiu trabalhadores de diversas partes do país. Foi questão de apenas
alguns anos até que os dois povoados fossem emancipados
Rialma e Ceres
RIALMA, que começou a ser conhecido como “Barranca”, tornou-se cidade em 16 de julho de
1953. A população crescia de maneira impressionante, principalmente com a construção da
rodovia federal Anápolis-Belém, atual BR-153 – Belém-Brasília, passando a denominar-se
Rialma, uma forma abreviada de Rio das Almas.
CERES seguiu o mesmo caminho logo depois, em 04 de setembro do mesmo ano – a dinâmica
de proximidade continuava sendo construída. Até hoje, o fenômeno é tema de estudos
acadêmicos, e várias dissertações de mestrado já se debruçaram sobre a dinâmica que se
espalha pela região, com as semelhanças entre as cidades-irmãs e também pontuando as
diferenças.
As principais diferenças entre Ceres e Rialma estão no tamanho e população, sendo Ceres a
maior das duas, com 22.046 habitantes, e Rialma com 12.165, de acordo com o Censo de 2022.
Embora fiquem em Goiás, sejam vizinhas e separadas por uma ponte, possuem outras
características distintas, como a densidade demográfica (Ceres tem 103 hab/km² e Rialma tem 45
hab/km²).
Rio das Almas: cercado de lendas e mistérios
A história do rio se mistura a diversas lendas, como a dos mineradores que morreram durante
uma enchente e seus corpos foram levados rio abaixo, e a dos lamentos que muitas vezes ecoam
perto das margens. Em algumas cidades, como Ceres, as lendas falam de canoas que navegam
sozinhas, carregando almas. Outros dizem que o nome surgiu de uma promessa feita por
garimpeiros que encontraram ouro em troca de uma missa para as almas do purgatório em 1727.
O Rio das Almas tem também grande significado geográfico e histórico para Goiás, já que
atravessa o Estado, além de ter influenciado diretamente o surgimento de cidades como
Pirenópolis: as histórias, lendas e rituais associados ao Rio das Almas moldaram a identidade
cultural de Pirenópolis e de outras cidades ribeirinhas (Procissão dos Penitentes, ou Reza Pr'as
Almas, que é um ritual religioso que se entrelaça com a memória coletiva das comunidades
goianas).
Dicas do Curiango
Respeite a Cultura Local: ao chegar, respeite os costumes e a cultura dos moradores. Eles são acolhedores, mas valorizam suas tradições.